terça-feira, 23 de março de 2010

Domesticação Animal

Origens e características da domesticação. A convivência do homem com animais iniciou-se em tempos pré-históricos, provavelmente no neolítico, há cerca de dez mil anos. Em alguns casos, esse vínculo pode ser até anterior. Certos animais -- ovelha, vaca, cabra -- começaram a ser domesticados no Oriente e outros, como as aves domésticas, o cão e provavelmente o porco, em diversas regiões do sul e leste da Ásia. Nas estepes russas, há milênios o cavalo foi utilizado como alimento, depois como montaria, fato considerado um dos marcos do progresso da humanidade.
Acredita-se que o cão tenha sido o primeiro animal a ser domesticado, seguido do carneiro, cabra, porco, burro, cavalo e camelo. O carneiro é, porém, o mais antigo animal de cuja domesticação existe prova arqueológica. O camelo foi domesticado em alguma região do Turquestão ou da Pérsia, em épocas remotas cuja cronologia se desconhece. Antiga também foi a utilização de outros animais como a galinha, o jumento e o gato.
Com a domesticação, após algumas gerações, quase tudo no animal se modifica: porte, sentidos, desenvolvimento da musculatura e da calcificação dos ossos, cor dos olhos, velocidade da marcha, vôo ou carreira e até qualidade e cor da pelagem ou plumagem. A alimentação, a higiene, a saúde, o controle do acasalamento e da cria e a disciplina de vida são as causas principais das modificações raciais após a domesticação. Entre os coelhos, por exemplo, a domesticação pode produzir exemplares com orelhas muito longas e entre as ovelhas, caudas compridas e pesadas.
A principal conseqüência da domesticação sobre o comportamento animal é a nítida mudança em suas características biológicas ligadas à sazonalidade. Os ancestrais selvagens de animais domesticados se caracterizam pela reprodução e pela mudança de pele ou pelagem rigidamente periódicas. Muitas espécies domesticadas, pelo contrário, passam a reproduzir-se em qualquer época do ano e perdem a propriedade de mudar de pele.
A natureza tem, na verdade, uma reserva oculta de tipos e formas de toda população animal ou vegetal, que só se manifesta quando afloram caracteres recessivos. O mecanismo genético que faz com que as características determinadas por genes recessivos apareçam é responsável também pelas mudanças advindas da domesticação de espécies. A mutação genética provocada pela intervenção humana denomina-se seleção artificial e desempenha papel fundamental na formação das novas raças. A seleção artificial desequilibra os sistemas biológicos estáveis que determinam a reprodução do fenótipo selvagem e cria combinações de genes que, freqüentemente, não sobrevivem em estado natural.

Outras práticas. No aprisionamento, o homem mantém os animais em cativeiros, jaulas ou jardins zoológicos, onde procura reproduzir com a maior fidelidade possível o habitat natural dos cativos. O animal vive e procria em relativa liberdade, acostuma-se à presença do homem, mas não se domestica. Com o tempo, alguns animais aprisionados chegam à domesticação, como o coelho, preá, pombo e certas aves canoras ou de abate. O aprisionamento pode ser ainda uma etapa da domesticação, como é o caso da rena.
No amansamento, o homem procura aclimatar espécies submissas de animais, sem mantê-las obrigatoriamente em cativeiro, para acostumá-las a seu domínio, extinguir a tendência à fuga e assegurar-lhes a sobrevivência e a reprodução. Quando esse tipo de relação ocorre com animais bravios, o procedimento empregado é a doma. No adestramento, o homem passa a ensinar o animal a reagir a determinados estímulos diferentes daquelas a que se habituou. Condiciona-o ainda ao exercício de atividades estranhas a sua própria experiência natural. Exemplo típico é o do adestramento de ursos e focas em circo.

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